Por Fernando Brito, no Tijolaço
Vai ter um monte de gente falando disso, e daí?
Não haverá um brasileiro de coração gentil que, hoje, não vá parar, por um minuto, para fazer sua homenagem simples, silenciosa, um suspiro que seja, aos 70 anos de Chico Buarque de Hollanda.
Eu faço a minha agradecendo.
Dizendo obrigado a ele por ter feito minha geração ser mais delicada do que talvez fosse sem ele, com as coisas que vale a pena amar: as mulheres, o convívio humano e a nossa gente humilde, que não tem com quem contar.
Obrigado por ter feito tantos entenderem que sucesso não se faz à custa de se esquecer disso e passar a amar os salões, as luzes e o dinheiro.
Por ter mostrado que a delicadeza nunca é inimiga do que a gente pensa e crê, e que, ao contrário, é a mais perfurante arma contra o ódio.
Por ter escrito que mesmo que a gente tenha – e tem – tantas fraquezas e defeitos, o que a gente faz por (e pelo) amor, os versos, mesmo o dos maus poetas, serão bons.
E que as vezes a roda-viva, apesar do que a gente remou contra a corrente, carrega o destino pra lá.
Agradeço também por sua tristeza profunda, em teu melhor disco, o Paratodos, que agora posso entender, porque o ”velho cantor subindo ao palco/Apenas abre a voz, e o tempo canta”
Sou grato, por cada um destes pedaços de amor que você cantou, porque seu canto me fez melhor, fez melhor o meu tempo e fez meu país melhor.
E que o mundo é um lugar para sonhar e fazer e não apenas cuidar de saber do que pode dar certo.