Por Ronaldo Souza
Lembra daquelas fotos maravilhosas que você tirou na Disney com sua família?
Aquilo foi demais, não foi?
Lembra que seus filhos eram só alegria, não cabiam em si de tanta felicidade?
Eles olhavam para um lado e outro e só viam crianças iguais; um paraíso!
E os adultos!
Todos pessoas do bem.
Aquilo sim é estilo de vida!
Tanto é que viralizou aquele vídeo em que Ariano Suassuna fala do espanto de uma rica senhora da alta sociedade do Rio de Janeiro, quando ele disse que não conhecia a Disney.
Aquela senhora não conseguia entender como era possível um membro da Academia Brasileira de Letras nunca ter ido à Disney.
De fato, um absurdo.
Onde já se viu? Aquele homem não podia pertencer à Academia Brasileira de Letras.
O auditório morreu de rir!
Boa parte dele não percebeu o golpe de ar mais forte que lhes bateu na cara (alguém diria que era o deslocamento de ar pelo tapa com luva de pelica).
Por isso, morreu de rir.
Lembra daquelas fotos maravilhosas de Paris?
Sim, aquelas que você tirou, inclusive do prato que pediu?
Lembra que você disse no Instagram que era um prato caro, de um típico restaurante parisiense, mas que valia a pena.
Típico, não?
Fique tranquilo, fique tranquilo!
Como eu não iria perceber que era fundamental aquela imagem/registro da sua ida à Cidade Luz?
E aquela, clássica, tirada do lado de fora do Louvre?
Ma-ra-vi-lho-sa!!!
Chegou a entrar?
Cidade Luz!
Também pudera, tão iluminada!
Sim, a cidade toda iluminada é linda.
Demais!
Houve um movimento no século 19 que “tinha como principais ideais a liberdade, a fraternidade, a tolerância, o progresso, o governo constitucional, a oposição à monarquia absolutista e a separação Igreja-Estado, bem como a razão como base da autoridade.
Paris foi o berço desse movimento intelectual e se tornou famosa em toda a Europa por se transformar em um centro de educação e nascimento de novas ideias. A cidade atraiu inúmeros artistas, filósofos, pensadores, inventores e todo tipo de cientistas, além de ser palco do surgimento de incontáveis tecnologias novas – e acabou ficando conhecida como “La Ville-Lumière” ou “Cidade Luz”.
Esses franceses são muito cheios de frescura, cheios de mimimi, não é mesmo?
Só por causa do Iluminismo, acham que a cidade pode ser chamada de Cidade Luz.
Agora veja se a gente aqui está querendo saber de artistas, filósofos, pensadores, inventores e cientistas.
Os daqui a gente está querendo mandar embora, vê se vamos querer que esse bando de inúteis venha de fora!!!
A razão como base da autoridade. Vê se pode!
Nesse momento, porém, não vale nem a pena ficar pensando nisso. Afinal, mesmo que você queira ir para a Cidade Luz pensando na iluminação da cidade, que você tanto ama (a do Natal, por exemplo, não essa frescura de luz interior, Iluminismo) não pode.
Está proibido.
Nenhum país do mundo está aceitando brasileiro.
Portanto, esqueça.
Esqueça também esse negócio de artistas, filósofos, pensadores, inventores e cientistas daqui falando de ideais, liberdade, fraternidade, tolerância, progresso e governo constitucional. Isso é coisa de maricas.
Esse negócio de Iluminismo, enriquecimento (luz) interior, a gente não tem essas frescuras por aqui não.
Mas, não se preocupem. Se Paris não quer a gente lá, ainda existem oito países que estão de braços abertos para nós.
Boa viagem!