Pensando em Endodontia

Por Ronaldo Souza

Há uma questão fundamental em Endodontia.

Todos sabemos que precisamos remover o máximo de microrganismos do sistema de canais para obter reparo.

O grande objetivo é o controle da infecção.

O que não sabemos é quanto precisamos remover.

Saber da necessidade de reduzir ao máximo a carga microbiana do sistema de canais e não saber qual é esse máximo passa a ser, portanto, a questão fundamental.

Onde há máximo, há mínimo e onde há máximo e mínimo, há uma faixa entre esses dois pontos.

Há uma faixa de concentração das substâncias químicas a serem utilizadas na qual podemos trabalhar.

Um exemplo?

Qual é a concentração ideal de hipoclorito de sódio que se deve usar no tratamento endodôntico?

Alguém sabe?

Há uma faixa que passa por 0,5% – 1,0% – 2,0% – 2,5% – 5,0%, até …

Quantos instrumentos usar para preparar o canal?

Quanto tempo para se preparar o canal?

Um minuto, uma hora, um dia, um mês…?

Diante de tantas dúvidas e incertezas, o que fazer?

O pragmatismo do momento atual pode nos levar a optar pelo mais simples.

Alguma dúvida quanto a escolher entre um instrumento e alguns?

“Alguns” tornam o procedimento mais demorado, “um” simplifica.

Alguma dúvida entre atender o paciente em duas consultas ou em uma?

Em duas, são gastos dois tempos anestésicos, dois momentos para isolamento de campo operatório, dois bons-dias, dois “até logo”, dois isso, dois aquilo…

Em uma consulta, tudo é mais simples, prático e rápido.

Por que então escolher o mais difícil, o mais demorado, se dá tudo no mesmo?

Um instrumento, uma hora, uma consulta.

Pronto, está resolvido!

Simples assim!

Opa, já estava me entusiasmando e quase esqueço de um detalhe.

Vamos lá em cima pegar algo que eu estava esquecendo.

Pronto, aqui está.

Todos sabemos que precisamos remover o máximo de microrganismos do sistema de canais para obter reparo.

O grande objetivo é o controle da infecção.

O que não sabemos é quanto precisamos remover”.

Esse é o problema!

Quando não sabemos quanto precisamos, temos como saber se o que fazemos é suficiente?

Aliás, temos como saber se o que fazemos é o certo?

Se não temos, reduzir tudo é a solução?

Reduzir a concentração das soluções irrigadoras?

Reduzir a quantidade de instrumentos para preparar o canal?

Reduzir o tempo para se preparar o canal?

Reduzir para quanto?

Um minuto, uma hora, um dia…?

Estamos confundindo simplicidade com simplismo.

No ensino, confundir simplicidade com simplismo pode significar estar ensinando errado.

A Endodontia é tão simples, não é?