Procura-se um time. E uma diretoria

Por Ronaldo Souza

Já comentei aqui que Guilherme Bellintani não era meu candidato preferido à presidência do Bahia.

Não tive, porém, nenhum constrangimento em dizer já no meu primeiro texto durante os seus momentos iniciais como presidente que estávamos diante de uma gestão bastante animadora. Chamei então a atenção para o fato de ser ele um homem muito inteligente. Brilhante, na verdade.

Desde aquele primeiro momento, todos os meus textos foram sempre na mesma linha; elogios a ele e à sua diretoria.

Os mais recentes, entretanto, já faziam algumas ressalvas, que iam de uma possível falta de humildade, que poderia levá-lo à autossuficiência e soberba, a desconhecimento sobre as coisas do futebol e, por isso, uma gestão que começava a mostrar os seus “pecados”.

Veja trechos de dois desses textos que escrevi:

O Bahia ontem e hoje 30/12/2020

Presidente, não parece provável que Dado Cavalcanti seja a alternativa mais adequada e talvez estejamos cometendo outro grande equívoco.

No entanto, se vamos com ele, nessas horas, é possível que alguém mais ligado nas coisas do futebol enxergue um pouco melhor e também saiba mais o que fazer.

2020, o ano que não quer terminar 14/03/2021

Ouvi há poucos dias alguém da crônica esportiva de Salvador dizer que o Bahia estava se preparando para criar uma  forma de jogar que seria estabelecida para todo o departamento de futebol do clube.

Desde cedo, da base ao time profissional principal, o Bahia jogaria de uma única maneira. Assim, quando o jogador da base chegasse ao profissional, por já saber como este joga, a transição se daria de uma maneira muito mais fácil e rápida.

Algo como fez o Barcelona.

Como se vê, um projeto audacioso.

… Presidente, inteligência e juventude costumam favorecer a audácia e vejo em você esses dois requisitos.

Mas, ao mesmo tempo que me entusiasmo, lembro da sabedoria popular, pela qual tenho enorme respeito. E ela diz que “prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém”.

Muitas coisas, mais do que parece à primeira vista, precisam ser analisadas.

Não que o Bahia não deva ousar, muito pelo contrário. Até porque ele já mostrou que é um dos clubes mais inovadores no atual cenário do futebol brasileiro. Entretanto, tratando-se do tamanho do projeto, do quão ele é ambicioso e do que o envolve, temos que reconhecer que as chances de dar certo são bem maiores no Barcelona do que no Bahia. Sobre isso não deve haver dúvidas.

Outro aspecto, que parece não ter sido devidamente considerado, precisa ser visto com muito carinho.

Quem estará à frente dele?

Sem querer me aprofundar em pesquisas e saber detalhes de como aconteceu todo o vitorioso projeto do Barcelona, sabemos que profissionais do nível de Johan Cruyff, Pepe Guardiola e outros fizeram parte desse projeto.

Como esse projeto já estaria em andamento, imaginá-lo com Dado Cavalcanti à frente me provoca arrepios.

Que não se imagine que Dado Cavalcanti não teve méritos. Teve sim, entre os quais podemos colocar o de que foi ele o grande responsável pela permanência do Bahia na série A, a vaga na Sulmaricana e o título da Copa do Nordeste.

Mas este é um assunto que será abordado na sequência deste texto.