“Quem que eu matei?”

 

Por Ronaldo Souza

Genocídio

Extermínio que, feito de maneira deliberada, aniquila (mata) uma comunidade, um grupo étnico ou religioso, uma cultura e/ou civilização etc.: o genocídio dos índios das Américas.

Massacre que atinge um grande número de pessoas (populações ou povos).

Ação de aniquilar grupos humanos através da utilização de diferentes formas de extermínio como: a pobreza ou a fome em certas regiões do mundo; sequestro permanente de crianças e refugiados etc.

Genocida

Pessoa que ordena ou é a responsável pelo extermínio de muitas pessoas em pouco tempo.

Pessoa que cometeu genocídio, quem deliberadamente ordenou o extermínio de um grande número de pessoas, de todo um grupo étnico ou religioso, de um povo, uma cultura ou civilização.

Que produz genocídio, aniquilando grupos humanos através da utilização de diferentes formas de extermínio: pobreza genocida.

Essas são respectivamente as definições de genocídio e genocida do Dicionário Online de Português, que você pode confirmar aqui www.dicio.com.br/genocidio/ e aqui www.dicio.com.br/genocida/.

Abro um parêntese para trazer o que diz o psicanalista Albertino Ribeiro.

A psicanálise classifica os impulsos humanos em duas categorias antagônicas (vida e morte). Estes possuem relação direta com dois senhores soberanos do gênero humano, segundo Jeremy Bentham: a dor e o prazer.

O impulso de vida é aquele que nos leva a pensar e a dominar nossas emoções e nossas dores, ajudando-nos a procurar uma saída nas situações em que algo nos falta. Sob este, o ser humano opta por tentar consertar as coisas e não dar causa a intentos engendrados por sentimentos primitivos e destrutivos.

Por seu turno, o impulso de morte nos leva para um caminho oposto, onde optamos por descarregar nossas tensões mesmo que mais tarde tenhamos que pagar a fatura. Podemos observar alguns comportamentos como gula, abuso de drogas, agressão, consumismo desenfreado, enfim.

A mente pensante, a todo momento, pratica uma musculatura psíquica na tentativa de conciliar suas pulsões com a difícil realidade da vida, buscando o seu desenvolvimento. Destarte, estar vivo pressupõe tensão. É como disse Freud: “haverá sempre conflito enquanto houver vida. Pressões e tensões cessam apenas com o advento da morte”.

O jornal folha de pernambuco publicou em 01/07/2020 um estudo realizado por pesquisadores da universidade federal do ABC (UFABC), da fundação Getúlio Vargas e da USP que sugere uma forte correlação entre o discurso negacionista do presidente e o aumento do número de mortes por covid-19.

O trabalho sustenta que a votação do presidente no primeiro turno, por município, tem correlação negativa com a taxa de isolamento; e correlação positiva com mortes por Covid-19. Em resumo, onde Bolsonaro teve mais votos, o isolamento tem sido menor e o número de óbitos maior.

Mas como isso acontece?

Parece que essas pessoas, em nome do seu mito, abriram mão da liberdade e da própria capacidade de pensar; agem como manada. Trata-se da psicologia dos grandes grupos onde os indivíduos partícipes tendem a exacerbar seus comportamentos mais primitivos (Le Bon – Psicólogo Francês do séc. XX)”.

Fecho o parêntese

Veja o que diz a teoria de redução de impulsos: “Pulsão designa, em psicanálise, um impulso energético interno que direciona o comportamento do indivíduo. O comportamento gerado pelas pulsões diferencia-se daquele gerado por decisões, por ser aquele gerado por forças internas, inconscientes, alheias ao processo decisional”.

Matar pode ser um impulso, uma “inclinação”, que em algum momento se concretiza ou não.

E como diz o psicanalista Albertino Ribeiro, a concretização do ato tem ligação direta com a racionalidade; A mente pensante, a todo momento, pratica uma musculatura psíquica na tentativa de conciliar suas pulsões com a difícil realidade da vida…”.

Os impulsos (bravatas, xingamentos, ofensas, agressões verbais e físicas) não, mas a racionalidade exige uma mente pensante.

As pulsões de Bolsonaro já foram assumidas inúmeras vezes por ele próprio, claro, sem a menor noção do que estava dizendo.

Não há mais como ignorar a irresistível atração que ele tem pela morte. Nem os mais idiotas entre os que o seguem conseguirão isso.

 

Comandantes não vão para o campo de batalha!

Comandantes não pegam um revólver, matam alguém e pronto, cometeu um genocídio, é um genocida!

Não é assim.

O genocida não precisa sequer dar um único tiro para ser um… genocida!

Para citar somente um, Benjamin Netanyahu (primeiro ministro de Israel) é reconhecido como um genocida, inclusive apontado internacionalmente como “criminoso de guerra”.

Mas não se tem notícia de que ele foi visto matando alguém.

Então, segundo Bolsonaro, Netanyahu não é um genocida!

Independentemente de tudo isso, mesmo tendo sido expulso do Exército Brasileiro como “canalha, covarde, contrabandista e um homem com graves distúrbios psicológicos”, Bolsonaro atingiu a patente de tenente (como consolação foi transformado em capitão na expulsão do exército) do Exército Brasileiro e hoje é um comandante.

Comandante supremo das Forças Armadas. 

Como tal, não saber o que é um genocida é…, é constrangedor e angustiante identificar as enormes limitações dos horizontes intelectuais do presidente do seu país.

Aquela cabeça privilegiada não se cansa de surpreender.

Não, não me pergunte sobre a manada.

Já estou cansado de falar sobre isso.

Mas você pode imaginar o quanto é também constrangedor falar de horizontes intelectuais de pessoas que se identificam fortemente com o presidente e em cujos currículos consta uma expressão consagrada para definir a formação: nível superior.

Quanto a você, nunca esqueça.

O genocida não precisa sequer dar um único tiro para ser um… genocida!

 

Obs. Os negritos e as frases sublinhadas são do Falando da Vida.