Sai efeito Bolsonaro, entra efeito Haddad

Efeito Haddad

Um breve comentário

Por Ronaldo Souza

Não gosto de falar de pesquisa e raras vezes o faço.

A razão maior para isso?

Os institutos de pesquisa.

Se alguém tem dúvidas, por exemplo, sobre o IBOPE, basta lembrar de um episódio bastante conhecido pelos baianos (existem outros).

Na disputa entre Jaques Wagner (PT) e Paulo Souto (DEM) para governador da Bahia, o IBOPE passou 300 anos afirmando que Paulo Souto ganharia no primeiro turno com 56% das intenções de voto (70% dos votos válidos). Jaques Wagner (PT) estava em segundo lugar, com 13%.

Jaques Wagner ganhou no primeiro turno com 53,00% dos votos válidos, contra 43,00% de Paulo Souto.

Foi muito “esquisito”.

Ficou feio.

Aquele momento representou a morte do “carlismo” na Bahia.

O Datafolha não fica muito atrás.

Os dois estão segurando Haddad.

Aguardemos.

Já tinha visto a matéria acima e não ia comenta-la. Foi aí que vi a de Fernando Brito (abaixo) e resolvi trazer as duas.

Na verdade, da primeira só trouxe o print .

Para não saírem por aí dizendo que é coisa de petralha, que o blog é petista, faço um registro.

O estudo foi feito pelo professor Sergio Wechsler, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, com exclusividade para a GO Associados, da qual Gesner é sócio executivo.

Por sua vez, Gesner Oliveira é ligado ao PSDB e foi presidente do Cade durante o governo FHC.

Além disso, para você que tem ouvido falar muito em voto útil, veja a matéria de Fernando Brito.

Alguém quer falar em voto útil?

Haddad e gráfico

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Não é possível, claro, falar que uma eleição está decidida antes da contagem dos votos.

Mas é enganoso julgar que, pelos resultados de pesquisas de 2° turno, isoladamente, qualquer candidato é “melhor” que outro.

A Revista Forum publicou a análise do matemático Sérgio Wechsler, professor da dono da consultoria Numbers Care, que presta serviços de análise estatística a empresas e pesquisadores, preparada a pedido da Gesner Oliveira Associados.

Nela, usando um método complicado para nós, leigos, chamado inferência bayseana e utilizando as pesquisas de opinião publicadas até agora, o matemático agrega possibilidade de cada candidato passar ao 2° turno e, nele, vencer a disputa final.

O resultado está no gráfico e aponta, hoje, uma possibilidade superior a 99% de que Fernando Haddad vença as eleições.

“No 2º. turno, Bolsonaro perderia para Fernando Haddad: o candidato petista tem, no momento, formidáveis 99,96% de chances de bater Bolsonaro na disputa final. Considerados os dois turnos, Haddad tem, no momento, 99,4% de probabilidade de ser o próximo presidente da República”, diz o professor da USP à Forum.

Claro que ainda restam dez dias para que se produzam fatos novos e há eventos imprevisíveis quando se tem uma mídia e um sistema judicial que, faz tempo, deixou de lado a imparcialidade e o afastamento da política. E, portanto, as certezas políticas são muito menores que as matemáticas.

Mas, se é para falar em hipóteses de viabilidade de candidatos, do chamado “voto útil”, não há mais discussão possível. Não é uma questão de discutir vantagens de Ciro num confronto com Bolsonaro: é aceitar a evidência de que não é ele, em princípio, que irá para a disputa final.