Por Ronaldo Souza
“Saiu do armário”.
Com essa frase costumava-se descrever a pessoa que assumia sua homossexualidade.
Por não percebermos a crueldade que pode estar por trás de frases assim, muitas vezes não temos a dimensão real do que dizemos e fazemos.
Na verdade, o significado real e cruel contido nessa frase era: o viado safado assumiu sua viadagem.
Uma frase, uma visão, uma brincadeira, uma tortura.
O que é bullying?
Uma brincadeira ou uma tortura.
Depende do lado em que se está.
No nosso processo de involução, de repente, tudo mudou.
É que outros armários se abriram.
E a vida ficou feia.
Somos agora, todos, um bando de maricas, cheios de mimimi, que ficam “chorando em casa, caralho!”, “uns frouxos, porra!”.
O mundo não é mais para esses. Agora é um lugar onde só os machos resistem.
O mundo é para eles!
A baixaria e a breguice dessa violência estúpida invadiram o nosso trabalho, nossos corpos e mentes e se exibem nas nossas casas todos os dias através da televisão.
O país, perdido e nas mãos de bandidos e milicianos, impõe um clima assustador e faz de sua população pessoas acuadas e com medo, num projeto bem sincronizado de terrorismo oficial.
Caos!
Amem
Permito-me roubar uma frase do texto de Fernando Pessoa e adaptá-la ao meu texto.
Sufoco de ter somente isso à minha volta. Deixem-me respirar. Abram todos os armários, abram mais armários do que todos os armários que há no mundo, para que deles saia o amor reprimido.
Não, não se trata do amor piegas, mas daquele que envolve as pessoas sob o manto da tolerância, do respeito, do gesto, da palavra, da leveza.
Brutos não amam.
Odeiam.
Odeiam o que é belo, gentil, leve.
Há neles uma construção abortada, em que a cadeia genética foi alterada e corrompida.
Chamem o amor de volta.
Ponham-no nas suas vidas, tirem as máscaras que o estão impedindo de respirar livremente e permitam que o seu vírus, o vírus do amor, se espalhe e contamine os que estão doentes.
A cura do desamor é desconhecida por eles, mas corre pelo nosso sangue como se fosse um elemento do sistema imune de cada um de nós e representa a melhor vacina contra essa pandemia da estupidez; o afeto.
Amor não tem sexo, cor, raça, religião, mas tem endereço; o coração.
Lá ele mora, mas, confinado entre as paredes da grosseria e da ofensa barata, está sufocado.
Liberte-o.
Liberte-se!
Saia do armário!
O amor lhe espera aqui fora.