E o velho e malandro (ponha malandro nisso) Souza deu uma mancada. Quem sabe por temer que a torcida não suportasse vê-lo sair outra vez imaginando que fosse por mais uma contusão, ainda mais no começo de um jogo, optou por dizer a verdade. Era melhor ter ficado calado.
Substituído aos 30 minutos do primeiro tempo, teria resistido bastante. Na verdade, não resistiu. Somente a imagem gerada pela câmera do ESPN, emissora pela qual assisti ao jogo, flagrou a cena. Já no gol de Magal, aos 9 minutos, depois do pique que deu Souza se agachou “buscando ar”. Veja o gol e observe o jogador que se agacha perto do goleiro Maranhao 0x2 Bahia.
Não dá para engolir. Respire fundo e venha comigo.
Um jogador que, contratado no começo de 2011 só no final daquele ano começou a jogar alguma coisa, ficou mais da metade da temporada de 2012 entregue ao departamento médico do clube, cria um clima que desestrutura todo o time, culminando com os resultados que conhecemos, força a sua escalação e “ressurge” dessa forma; não suporta 10 minutos de jogo. Sem perceber, mais uma vez Souza deu margem a especulações sobre as suas reais condições físicas e o que estaria contribuindo para rendimento tão baixo. As razões já foram divulgadas por parte da imprensa e não combinam com um profissional que se faz respeitar.
Por algumas razões, talvez eu não deva criar muitas expectativas, mas já se percebe na torcida uma certa “tomada de consciência”. Tomada de consciência sempre gera mudanças, cuja intensidade depende da sua profundidade e consistência. Não é de agora, manifesta-se cada vez mais uma insatisfação com esse jogador que, apesar de eu não encontrar nenhuma razão para isso, pode-se dizer que chegou à condição de quase ídolo da torcida (veja aqui). Em que times Souza fez temporadas? Em que times ele se firmou? Em que times foi consagrado? Em que times foi ídolo?
Acho, por exemplo, que Tite e Marcelo Lomba se tornaram ídolos da torcida do Bahia. Da mesma forma, porém, acho que perderam essa condição. Vamos falar numa linguagem mais clara: ao participar de forma decisiva do movimento que manchou de forma inesquecível um determinado momento da história do clube, Tite e Marcelo Lomba deram uma tremenda mancada e, se já não perceberam, vão perceber.
Não é incomum um jogador de futebol segurar a condição de titular por aquilo que parece ser a sua identificação com o clube, pelo seu histórico. Não é exatamente o caso de Titi, porque os zagueiros do time não se mostraram, pelo menos ainda, melhores do que ele. Mesmo assim, numa eventual perda da condição de titular e consequente ida para o banco de reservas, o ressentimento pela sua recente postura já não faria a torcida “chorar”.
Mas é o caso de Lomba. Sempre teve nos seus calcanhares um goleiro sobre o qual, por vezes, já ouvi: é melhor do que Lomba, ou, pelo menos, igual; Omar. O histórico de Lomba o ajudava; “uh, uh paredão”. Nas suas ausências, Omar nunca jogou mal e muito menos fez a torcida lamentar a ausência do titular. No jogo seguinte lá estava Lomba de volta à posição que era sua. Ninguém questionava. “Se são iguais, deixa ele voltar porque encarnou bem o espírito do time” (coisa que também se dizia de Titi). Quantos pensarão assim daqui em diante? A partir de agora acho que ele perde esse trunfo. Participações de Omar como a do jogo no Maranhão pela Copa do Brasil, comuns nas vezes em que foi chamado a substituir Lomba, poderão ter outro significado. Acredito que já não existem mais as condições que sempre fizeram de Lomba titular “absolutíssimo”. Talvez ele já não encarne o espírito do Bahia. Ele precisa recuperar esse conceito que se fez dele. Como? Ele terá que saber.
É possível que para Souza seja mais difícil ainda. De agora em diante, se ele não fizer trinta e cinco gols por partida, a coisa pode ficar mais complicada na sua relação com a torcida.