Por Ronaldo Souza
Outro dia assisti a um belo debate sobre Evidências Científicas em Medicina.
Todos médicos, eram três professores; um baiano, um sergipano e um terceiro que prefiro não dizer o estado de origem.
Nada contra ele e muito menos seu estado, pelo contrário, me pareceu também competente, mas com um detalhe sobre o qual falarei mais tarde e por isso prefiro preservar sua identificação. Direi apenas que é “lá do Sul”, jeito de dizer de alguns quando querem falar de alguém que pode ser tanto do Sul quanto do Sudeste. Assim, você que está me lendo não terá ideia de onde realmente ele é.
Sem o dom da comunicação ao ponto de destacá-lo na apresentação, o professor de Sergipe esteve muito bem, pela competência, conhecimento do tema e abordagem que fez. Muito interessante.
Digo isso porque o professor da Bahia, que eu não conhecia, este sim, foi simplesmente brilhante.
Conhecedor do assunto, domínio da palavra, grande fluência, palestrante raro.
Via-se ali um professor de muita qualidade, dando uma bela aula e com respostas objetivas e bem colocadas durante o debate.
Outra coisa também me chamou a atenção; o real compromisso com o tema.
A competência, compromisso e fidelidade ao tema foram suficientes para que ele fosse o grande destaque, mostrando toda sua independência ao atacar pontos importantes que precisavam ser apontados. Sem qualquer tipo de vínculo que não fosse com a Medicina.
O “sulista”, insisto, também mostrando conhecimento do assunto, teve uma boa participação.
Mas tudo nele cheirava a preocupação em se mostrar “moderno”.
Para entender bem esse moderno, recorro a uma expressão em inglês; up to date.
Interessante, não? Para me fazer entender melhor em português, recorro ao inglês.
Aliás, que ele usou e abusou.
Foi muito “up to date” pra lá, “odds ratio” e outras expressões pra cá!
Sabe o cara moderninho?
Ele me fez lembrar de um tipo que surgiu ali pelos anos 80 e ganhou muito destaque, sendo motivo de muitas reportagens e capas de revistas importantes, aqui e fora do Brasil.
O “yuppie”.
Vamos ao Wikipédia.
“Yuppie é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano.
É um termo usado para se referir a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta.
Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. O termo também passou a ser utilizado no Brasil e em Portugal sem tradução, e com o mesmo significado adotado na língua inglesa”.
Em primeiro lugar, pode estender mais a faixa etária, vai além dos quarenta e pode até surpreender no seu alcance.
Uma expressão (gíria) também utilizada para esse tipo de profissional é “Ambitious Young Professional”, ou seja, Jovem Profissional Ambicioso.
A ambição é enorme e nada a detém.
Passam por cima de qualquer coisa.
Objetivo!
Notoriedade.
Ambas expressões ganharam conotação pejorativa. Seria difícil evitar que isso acontecesse.
Para muitos deles, a forma será sempre mais importante do que o conteúdo e não é incomum que sirva para disfarçar a ausência deste.
O conteúdo, quando existe, costuma ser para dourar a pílula, dar-lhe mais colorido. O colorido chama mais a atenção e põe mais em destaque.
Causar.
Este é o lema.
Tendo surgido ali pelos anos 80, os yuppies não se foram, apesar de assim às vezes parecer.
Continuam por aí compondo alguns segmentos sociais.